Tem alguma coisa errada ou os últimos jogos mais legais que joguei são os que quase não joguei?
Nesse início de ano já tivemos bons lançamentos como o Tomb Raider, que gostei muito, o Injustice: Gods Among Us, que está na fila, e o BioShock Infinity (que também está na fila e estou me remoendo porque ainda tenho que terminar outros jogos). Mas, além dos lançamentos, joguei bastante coisa de anos anteriores que deixei passar e peguei agora por causa de promoções diversas.
Para entender o contexto do que vem a seguir, um disclaimer: Gosto de jogar jogos com boa história, não é a toa que sou grande fã de jogos de RPG, mas também gosto de ação e dinâmica nos games. Action RPGs tem sido o supra-sumo dos jogos de videogame pra mim nos últimos anos.
Dito isso, me surpreendi quando joguei e gostei de jogos como The Walking Dead, Asura’s Wrath e 999: 9 Hours 9 Persons 9 Doors, apesar de ainda não ter feito todos os finais do último jogo. Todos compartilham uma característica interessante: quase não os joguei. Explico:
Pra quem conhece os jogos sabe que em todos a interação do jogador com o game é muito pequena. Em geral, a mecânica se resume a Quick Time Events (QTE), resolver puzzles e escolher caminhos. Na maior parte do tempo, entretanto, você está vendo história. Talvez em Asura’s Wrath você ainda tenha alguma interação maior nas partes de luta mas, no geral, você está basicamente apertando botões do controle em momentos específicos.
Isso entretanto não tirou o glamour dos jogos e muito menos os tornaram chatos. Ao contrário, o fato de estar interagindo pouco e vendo linhas de diálogo na maior parte do tempo me fez imergir ainda mais no mundo do game. Em geral, eles entregaram uma experiência muito satisfatória e uma sensação de realização ao completar o jogo. Entretanto, é estranho perceber que esses jogos, que pegam muito emprestado do gênero Adventure, sejam melhores que aqueles onde a ação está na nossa mão.
Essa sensação me fez comparar esses jogos com os últimos AAA que joguei recentemente, entre eles o Halo 4 e o Assassins Creed 3. Eles são até divertidos, curti bastante, mas devo admitir que não me empolgaram como outros da série. Aliás, não fiquei compelido a terminar esses jogos. Halo 4 me arrastou por quase 2 meses (fiquei basicamente no multiplayer) e AC3 eu ainda não cheguei ao final, pra se ter ideia.
O que isso significa exatamente? Será que estou enjoando de jogos em geral ou a fórmula dos jogos tradicionais já está tão saturada que qualquer ideia diferente me pega, mesmo que essa ideia seja jogar menos um jogo?
Já é meio que consenso na indústria de um modo geral que na próxima geração teremos menos jogos AAA visto alguns fracassos deste ano de grandes franquias e o sucesso de títulos menores e indies até, e essa reação pode ser reflexo da saturação dos grandes jogos que sempre repetem a mesma fórmula. Isso pode gerar uma onda na indústria a começar a arriscar mais em novas IPs, mecânicas inovadoras e enredos diferenciados já que o custo de produzir um jogo seria menor. Pelo menos assim eu espero.
Sinto falta de jogos inovadores que coloquem a ação na mão do jogador ao invés de simplesmente guiá-los num livro animado. Gosto de jogá-los mas não quero que ganhem o título de mais legais dentre toda minha coleção. Espero que nessa próxima geração tenhamos jogos mais originais e que o poder de processamento desses novos consoles seja usado para algo criativo ao invés de vermos mais Call of Duties e outros jogos genéricos.