O curioso caso do preço dos jogos físicos e digitais
Existe um senso comum no meio do entretenimento de que qualquer conteúdo entregue digitalmente deveria ser infinitamente mais barato do que o entregue por meio físico. Essa opinião se perpetua especialmente na indústria de games onde, já a duas gerações, vem se discutindo a substituição definitiva das caixinhas por distribuição exclusivamente digital.
Muitos são os argumentos de que isso não é verdade, já que apesar de cortados os custos com fabricação da mídia, estoque e logística de distribuição, aumentariam os custos de armazenamento de conteúdo online, custos com energia e aquisição de servidores. Porém, como bem sabemos, espaço para armazenamento já virou commodity e manter uma infraestrutura de servidores também vem se barateando a cada dia.
Fato que a tendência é que as vendas de jogos torne-se exclusivamente digitais no futuro. A estimativa é que já em 2018, 78% de todas as vendas de jogos no mundo seja realizada por meio digital. Mesmo esse ano, as principais publishers já divulgaram que suas vendas digitais aumentaram, com alguns casos representando mais de 50% das vendas realizadas.
Apesar de todas as evidências, é curioso percebermos que hoje os preços oferecidos pelo conteúdo físico ainda é melhor do que o digital.
Ao contrário do que seria normal, esse aspecto acontece principalmente no mercado interno onde sabemos que a carga tributária é inacreditavelmente grande mesmo para produtos fabricados aqui. Por aqui, comprar um jogo físico ainda é mais barato do que adquiri-lo por meio digital, talvez seja devido ao volume comprado pelas grandes redes, talvez devido a promoções criadas justamente para limpar o estoque.
Por isso, vemos situações incomuns onde o mesmo jogo online, meses, anos depois de seu lançamento continua custando exatamente o mesmo preço, enquanto que sua versão de “caixinha” está duas ou três vezes mais barata.
Pelo fato das grandes magazines adquirirem grandes quantidades dos jogos para atender a todas as suas lojas em datas específicas como Natal ou dia das crianças, ou apostar em grandes lançamentos como foi o caso do Batman: Arkham Knight, ao final da comoção inicial, sobram diversas unidades a preços que não compensam mais ser mantidos pela loja.
Eventualmente temos promoções no meio digital que compensam bastante essa disparidade. As promoções de fim de ano na Xbox Live foram relativamente decentes, com jogos novos custando de 20 a 30% menos, mas isso é bem raro.
Naturalmente, não estou considerando Steam e suas Summer Sales ou Humble Bundles, mesmo porque jogos para PC tradicionalmente são mais baratos por essas terras em função da classe tarifária em que se incluem. Olhando apenas para os jogos de consoles existe muita diferença, o que provavelmente ainda vai manter a cultura de compra física de jogos por aqui por um bom tempo.
No caso do Xbox One e PS4, podemos considerar sempre a opção de compatilhamento das contas, o que permite que eu compre um jogo e outra pessoa possa também jogá-lo. Dessa forma, se você tem um amigo que goste tanto de jogos quanto você, talvez valha a pena a opção pela compra digital.
Caso contrário, é melhor levantar da cadeira e dar uma passada na sua magazine preferida e comprar sua cópia do jogo. Pelo menos ninguém vai poder te chamar de sedentário.