Mais remember and let go, menos we have to go back.
Ontem a Bethesda anunciou que estava terminando sua história com Skyrim, um dos jogos mais incríveis dessa geração. Em seu blog eles agradecem a todos que tornaram esse jogo um épico dos videogames e dizem que agora é hora de seguir em frente.
Isso me despertou o interesse de comentar algumas franquias que as developers e publishers deveriam já largar o osso e seguir em frente, seja por já estar saturada, seja por só estarem focadas na mesma IP desde sempre.
Apesar de alguns lançamentos interessantes nesse final de geração, no geral as empresas estão basicamente investindo em sequencias de suas franquias já consagradas. Até entendo esse fenômeno mas algumas empresas estão ficando especialistas em se apoiar em apenas um titulo e não investir em novas propriedades intelectuais. Abaixo eu listo algumas que, na minha opinião, já deveriam ter adotado a filosofia de Lost a muito tempo:
Ubisoft e o seu infindável Assassin’s Creed
Pra já começar chutando o balde, a franquia de parkour mais famosa do mercado. Assassin’s Creed 3 vendeu 12 milhões de cópias no mundo, tem média 84 no Metacritics e já tem uma sequencia preparada ai pro final do ano. A marca como um todo já vendeu 55 milhões no mundo. São marcas impressionantes para um jogo de videogame.
Quando foi lançado, em 2007, a mecânica de parkour era interessante, os momentos stealth para assinar seus alvos divertidas (apesar de repetitivas) e a história bastante inovadora. Só que depois de 6 anos, a franquia não conseguiu se reinventar. Jogo após jogo, a história de Desmond se desenrolava mas as mecânicas por trás do jogo pareciam sempre iguais. Com Assassin’s Creed: Brotherhood, a Ubisoft se aventurou no mundo multiplayer e até conseguiu fazer algo diferente que agradou os jogadores mas não consigo considerar a adição de multiplayer como uma inovação no jogo.
O fato é que, vendendo a quantidade que vende, Assassin’s Creed ainda vai durar muito tempo e provavelmente não vamos ver esforços maiores em franquias ótimas com o Beyond Good And Evil, cuja sequencia foi adiada tantas vezes que agora só vai aparecer na próxima geração.
Posso estar reclamando de boca cheia, já que FarCry foi sucesso de crítica, Rayman é incrível e Splinter Cell já está no forno pra sair. Pode ser até que esses jogos só existam porque Assassin’s Creed banca todos eles, mas acho que já estava na hora da Ubi largar o osso e buscar novas IPs.
Epic e sua Engine Showroom
O título é pra chocar mesmo mas antes que me apedrejem, não acho que Gears of War seja só um tech demo da Unreal Engine (diferente de Crysis). O fato é que se o Unreal Tournament trouxe a Engine da Epic para os holofotes, Gears of War foi o responsável por mostrar ao mundo o quanto a ferramenta de criação de jogos (sério, fiquei sem sinônimos) da empresa da Carolina do Norte era poderosa e versátil. Pra se ter uma idéia, a Unreal Engine é usada por quase 70% da indústria de games.
Além de ter definido todos os conceitos básicos de um jogo de ação nesta geração, Gears of War é um jogo incrível e toda a série foi aclamada pela crítica e jogadores (apesar do terceiro game da série ter deixado um gosto meio ruim) e o multiplayer é um dos mais divertidos que já joguei. Mais ou menos como Assassin’s Creed, a Epic mantinha o esquema “mais do mesmo” mas, na minha visão, a fórmula de Gears não deixava de ser divertida e suportava continuar da mesma forma.
Só que a Epic nunca lançou mais nada de relevante. Algumas tentativas como o Bulletstorm (esse sim uma tech demo descarada) e até bem elogiado (e muito bem sucedido) Infinity Blade para iOS não são nem de longe títulos aclamados e por isso ela está nessa lista.
Recentemente a IGN divulgou que o novo Gears of War: Judgement não vendeu tão bem e também recebeu uma média baixa no Metacritics (79) se comparada com as acima de 90 dos outros jogos da franquia. Isso pode dar indícios de que realmente o jogo já está saturado e, dado o tamanho e importância da Epic, já está mais do que na hora de investir em outras propriedades intelectuais.
Blizzard e seus 3 jogos
Poucas empresas são tão amadas no mundo como a Blizzard é. Warcraft 3 e Diablo 2 talvez tenho sido (depois de Counter Strike) os jogos que eu mais joguei quando era moleque. Pra mim o efeito Blizzard é ainda mais forte porque eu basicamente odeio RTS por ser um bosta, mas não conseguia parar de jogar Warcraft nas lanhouses da vida. Nunca joguei Starcraft mas consigo entender porque as pessoas gostam tanto.
É inegável a qualidade dos jogos da Blizzard, World of Warcraft está ai a quase 10 anos pra provar que o modelo criado pela empresa californiana é lucrativo mas quando parei pra pensar em empresas que são confundidas com suas franquias, confesso que me espantei ao perceber que a Blizzard é uma delas.
Sendo extremamente frio, a franquia Warcraft surgiu em 1994 e até hoje não saiu das linhas de frente da empresa. São quase 20 anos segurando o mesmo osso que, pelo visto, ainda tem carne sobrando. Aliás, se você parar pra pensar, verá que a Blizzard só tem 3 IPs “de verdade” que ela sustenta até hoje. Ela gosta tanto de suas franquias que até na apresentação do PS4 quando o Chris Metzen subiu lá no palco e falou “Olha, a Blizzard está de volta aos consoles, temos novidade. Atenção… Diablo 3!“. Deu até pra escutar os sussurros de decepção no mundo inteiro.
Muita gente queria vê-la voltar a produzir o ótimo Rock n’ Roll Racing e até aquele joguinho meia bomba que todo mundo adora, o Lost Vikings, mas o fato é que, tal como a Ubisoft, enquanto a galinha continuar colocando ovos de ouro não há motivos pra tentar coisas novas.
Talvez quem sabe agora com Diablo 3 tendo sido criticado (apesar de muito bem sucedido comercialmente) a Blizzard tente inovar um pouco.
Não posso falar do Santa Monica Studios e seu God of War depois que Journey figurou em quase todas as listas de jogo do ano. Também iria citar a Valve mas ai lembrei que ela não lança títulos tão frequentemente e que seus games são bastante pontuais e inovadores sempre, então não seria justo.
Eu posso parecer um pouco ranzinza e estar cuspindo no prato que tanto aproveitei. Mas, como amante de jogos de videogame, quero sempre ver coisas novas e espero que essa nova geração seja capaz de trazer isso. Quem sabe as developers e publishers esqueçam finalmente a ilha e parem de gritar “We have to go back” e passem a adotar a filosofia “Remember and let go!”.