Os 5 estágios pelo qual passei com League of Legends
Como disse no meu post anterior, neste ano que passou não comprei nenhum console da nova geração. Em parte porque estava caro, parte porque não tinha muita coisa interessante saindo, parte porque estava estudando, parte porque não quis mesmo 😉
Mas isso não significou que fiquei longe do meu hobby favorito depois do trabalho, pelo contrário. Aproveitei para colocar em dia um monte de jogos que estavam lacrados ainda nos meus consoles velhos de guerra e também me aventurei pelos indies do PC, que a muito não dava muita bola.
Porém, nada neste ano que passou consumiu mais meu tempo do que League of Legends, esse MOBA da Riot que me fez ter sentimentos variados em um curto período de tempo. Inspirado pelo clássico vídeo da girafa do Adult Swim (eu sei), eis meu breve relato sobre minhas experiências neste jogo que tem me consumido ultimamente:
Negação
Foi apresentado ao jogo pelo meu primo e de cara não gostei. Estou acostumado com RPGs tradicionais, evolução de level, itens melhores, grinding, etc. A ideia de ter que evoluir a cada jogo meu personagem não me soava nada agradável e, por um tempo, me recusei a aceitar que aquele tipo de jogo fosse popular.
Quero dizer, como alguém tem paciência de evoluir todas as vezes o mesmo personagem, fazer todas as vezes a mesma coisa? Na minha cabeça, um jogo onde eu perco o progresso do meu personagem a cada partida não fazia nenhum sentido.
Fato é que eu não parei e joguei mais algumas vezes até finalmente descobrir que aquela não era minha praia, definitivamente. Desinstalei o dito cujo e falei para mim que nunca mais iria voltar pra esse tipo de jogo.
Frase recorrente: “Como assim meu personagem volta pro nível 1? Jogo lixo!”.
Barganha
Só que não. Um pouco também por insistência desse meu supracitado primo, voltei a dar uma chance para League of Legends mas dessa vez com toda a carga de julgamento já concebida e entranhada em mim. Comecei mais um jogo e, naquela ocasião, não fui tão mal na partida.
Vi então que existia uma certa complexidade e havia sim uma evolução tanto de seus campeões, com a possibilidade de adicionar mais efeitos com talentos e runas de habilidades já que você ganha pontos de experiência a cada partida jogada, o que te permite ter mais pontos para gastar. O jogo te deixa avançar até o level 30, máximo possível.
Porém, a principal evolução percebida foi em mim mesmo, já que comecei a pegar a manha do jogo e entender como cada um dos campeões disponíveis agia e se relacionava com os outros na partida.
Resolvi então que era hora de tentar um pouco mais, parando para ler algumas estratégias, vendo vídeos no Youtube, essas coisas. Ao mesmo tempo, o jogo me recompensava com vitórias, pontos extras de habilidades e créditos para gastar na loja para adquirir outros campeões, os Influence Points.
Eu oferecia mais boa vontade, LoL me recompensava com vitórias. E foi assim por um tempo…
Frase recorrente: “Eu passo um tempão no jogo e só recebo isso de Influence Points? Que recompensa lixo!”.
Raiva
… até que descobri a comunidade do jogo.
Por algum tempo, enquanto você ainda estão em níveis mais baixos, o matchmaking faz um ótimo trabalho em te colocar com jogadores próximos do seu nível, que são geralmente amigáveis e abertos a discutir acertos e erros dentro do jogo. Até aqui, todo mundo é amigo, o mundo é lindo, arco-íris brilham no céu.
A partir de determinado nível a coisa muda de figura. Você passa a jogar com oponentes mais experientes, que levam estratégias e jogadas muito a sério e é ai que a comunidade se revela. Pequenos erros no jogo são estopim para xingamentos da mãe pra cima. Nada é tolerado e você não aguenta tanto mimimi no chat da partida e não entende porque essas pessoas ficam tão nervosas.
Mas então, você fica mais experiente. Como eu disse anteriormente, você ganha pontos de experiência e créditos para a loja a cada partida jogada. Naturalmente, se você vence mais altos são os ganhos. Quando você está em níveis mais baixos, ganhar ou perder não é grande problema pois com pouco se pode evoluir bastante mas, a partir do nível 15+, qualquer pontinho perdido é um tempo enorme que você desperdiçou.
Vale lembrar que cada partida de LoL dura, no mínimo, 20 minutos. Mas a média geral é de 35 a 45 minutos sem interrupção. Agora, pegue esse tempo e adicione uma derrota no meio que você entenderá o problema. Eu entendi e, pior, passei a me comportar como a comunidade que eu tanto odiava. Herd behavior.
Em cada partida, eram disparadas saraivadas de xingamentos àqueles que saiam brevemente da conduta ou faziam uma jogada errada. Vitórias eram comemoradas xingando os oponentes enquanto que derrotas eram um ode às palavras de baixo calão.
Essa foi minha passagem mais longa pelo League of Legends até que veio a enxurrada inevitável de culpa…
Frase recorrente: “Vocês são tudo ruim. Time lixo!”.
Depressão
Perceber que o jogo não estava me fazendo bem foi algo bastante incomum. Sempre joguei muita coisa multiplayer que me deixava com raiva (Halo, estou olhando para você!) mas nada no nível que foi League of Legends. A coisa estava tão crítica que nesse período minha esposa achou meu primeiro cabelo branco. E eu que pensei que seria por causa do trabalho.
Além disso, chegou um ponto em que eu estava melhor do que os iniciantes mas muito atrás de quem gastava horas no jogo, tempo do qual eu não dispunha. Comecei a ver que não era tão bom no jogo e, somado as derrotas e xingamentos, fui vendo que havia chegado no limiar da minha habilidade.
Nesse ponto, me perguntei porquê eu ainda jogava isso, com qual objetivo? Percebi que gastei horas da minha vida com um jogo acabava comigo, podendo aproveitar outros jogos mais divertidos. Nessa brincadeira, 2/3 do ano de 2014 já tinham se passado, o blog tinha sido esquecido e muitos lançamentos bacanas tinham passado desapercebidos. A gota d’água foi quando percebi que havia deixado de me dedicar aos estudos para “treinar” no LoL.
Parece meio dramático, mas quem num estágio depressivo não é?
Apesar de tudo, não conseguia deixar de jogar mas a cada jogo sentia cada vez menos prazer naquilo. Mas como tudo que acontece na vida tem um momento, um destino (desculpem), o turning point veio daquilo que me fez repensar o tempo gasto no jogo…
Frase recorrente: “Eu sou um lixo!”
Aceitação
A muito tempo estava aplicando para meu mestrado. Tentei por dois anos seguidos mas não havia sido aceito. Este ano, já sem muitas expectativas, tentei novamente e finalmente fui contemplado com uma vaga na minha querida e gostosíssima Engenharia de Sistemas. Essa notícia me tirou bastante o foco de LoL (e de outros jogos, na verdade).
Mas, como ninguém é de ferro, continuei jogando bastante nas minhas horas vagas. Percebi que League of Legends, assim como qualquer outro jogo, fica muito melhor se jogado só pela diversão. Não almejo nem de longe ser pró player então pra quê se estressar, certo?
Apesar desse relato, confesso que LoL tem sido o jogo que mais me dá vontade mas tenho tentado distribuir melhor meu tempo com outros joguinhos. Meu site agradece 😉