Os impressionantes números e feitos dessa indústria sensacional que amamos
A 7ª geração de consoles está acabando e o balanço geral, na minha visão, é que foi um período realmente sensacional na história da indústria. Talvez esteja cometendo uma heresia absurda, mas nem na época áurea de SNES e Playstation 2 tivemos essa gama tão grande de novidades oferecidas pelas empresas, seja em questões de IPs, jogabilidades, formas de contar histórias seja quanto aos serviços online oferecidos pelas empresas.
Falando de jogos, experimentamos pra valer as redes online nos consoles, a “criação” e popularização dos DLCs e jogos On Demand e o boom dos Indies, com 2 jogos dessa categoria figurando entre os 10 mais do ano (Journey e Fez), lançamentos antigos como Braid, Castle Crashers, Super Meet Boy, Bastion, Mark of The Ninja, Limbo… e outros jogos espetaculares como To The Moon e Year Walk sendo extremamente bem criticados.
Também vimos todas as críticas em torno do valor dos jogos e se eles realmente valiam os $60 estabelecidos nessa geração ($10 a mais do que na anterior) em comparação com jogos Arcade ou Indies com valores bem menores (em média $15) e a polêmica da revenda de usados e os DRMs.
Vimos a Valve criar um sistema imbatível de vendas de jogos por download que mudou toda a forma de pensar da indústria e levou até ao questionamento se os jogos físicos acabariam. Vimos a Sony ir nessa onda e abolir discos do PSP Go! pra logo depois voltar atrás e admitir a cagada.
Já no campo das empresas, vimos a Nintendo arrebentar todas as previsões com o Wii e seus jogos casuais e seu revolucionário controle de movimento, trazendo pro mundo dos jogos até a sua avó que nunca tinha jogado videogame na vida e forçando as outras empresas a se mexer e correr atrás do prejuízo. O console da Nintendo vendeu quase 100 milhões de unidades em todo o mundo, se tornando o 5º console mais vendido da história.
XBox 360 e Playstation 3 não ficaram muito atrás e, depois da lavada que levaram nos primeiros anos, recuperaram fôlego com uma linha de jogos muito boas e serviços online de qualidade, ao contrário da Nintendo que deixou de ser atraente para as publishers e passou a viver quase que exclusivamente de suas first parties.
Vimos Sony copiar descaradamente o controle de movimento da Nintendo enquanto a Microsoft tentava revolucionar com o Kinect, que não implacou até agora.
Outro aspecto interessante foi o rumo que os consoles tomaram. No início da geração, ninguém sabia muito o que iria acontecer e pensava-se que teríamos apenas videogames mais potentes.
Entretanto, graças muito à Microsoft e a excelente XBox Live, os consoles passaram a ser um centro de entretimento que roda jogos. Isso fica evidenciado com a presença de serviços como Netflix, Hulu, canais de esporte e notícias, músicas On Demand e por aí vai.
Em 2012, os donos de consoles da Microsoft, por exemplo, gastaram cerca de 84 horas no mês em serviços online. Pra se ter uma comparação, a média de horas na frente da TV de um americano é de 150 horas no mês.
Ainda se discute muito sobre a relevância dos consoles mas saiba que em 2012, a indústria movimentou nada menos que $70 bilhões (estima-se que 64% desse montante seja com consoles e jogos para consoles) contra $128 bilhões na indústria de cinema e a previsão é que chegue a $82 bilhões em 2017. Nada mal para uma indústria com 30 anos de idade.
Também se fala muito que os jogos mobiles irão consumir os consoles e, em parte, isso é um pouco de verdade já que em 2012 estima-se que tenham sido gastos $8 bilhões em jogos para essas plataformas. Não acho que vá acontecer, até porque a características de jogos mobiles são em geral diferentes daqueles para console ou PC. Acredito que ambas as plataformas irão conviver, até porque é bom de vez em quando jogar um Angry Birds pra desestrassar no trânsito.
É verdade que as vendas de consoles tem diminuído dos últimos anos pra cá, mas talvez seja o fato de muita gente já ter os consoles ou mesmo a espera pela nova geração. Pense também que essas estatísticas, em geral, são aplicadas a mercados que já estão saturados de videogames. As de PC, entretanto, aumentaram 29% em relação ao ano passado.
No Brasil, o cenário é instigante: só a venda de consoles movimentou R$1 bilhão enquanto os jogos renderam cerca de R$ 629 milhões em 2012. Nosso país está se tornando um ótimo atrativo para investimentos nessa área. A Sony, por exemplo, já anunciou que planeja lançar o PS4 aqui simultaneamente com o resto do mundo.
Já temos diversas empresas voltadas ao desenvolvimento de jogos, em geral para plataformas sociais eu admito, mas ainda sim já existem diversas iniciativas de sucesso em terras tupiniquins. Alguns exemplos são a curitibana Monster Juice co-criada pelo companheiro “Bada” lá do Jogabilidade, AdugeStudio que desenvolveu o Qasir Al-Wasat: A Night in-Between e o mais recente e promissor Dungeonland, um hack’n slash multiplayer desenvolvido pela Critical Studios e que já está disponível na Steam.
Em 2012, já se falava no Brasil (e América Latina em geral) como um mercado promissor para jogos e até agora esse sonho parece estar se realizando. Considerando a produção nacional dos consoles da Microsoft e Sony da atual geração, o subsídio das próprias empresas para lançar jogos a preços mais baixos (R$149,90, em geral), a localização de diversos títulos AAA e o investimento nos serviços online são ótimos indicativos de que finalmente teremos a atenção dessa indústria que amamos.
Espero que nessa nova geração os jogos ganhem ainda mais destaque como meio de entretenimento e também que ganhem mais reconhecimento e deixem de ser algo “infantil” na visão de muita gente. Também espero que tenhamos um pouco mais atenção das empresas gringas e dos nossos governantes nessa que é uma ótima forma de entretenimento e, por que não, cultura.