Sony does what Microsoft don’t. Só que não.
Na longínqua década de 90, a batalha de consoles vivia seu auge nos 16 bits com uma briga direta pelo amor dos jogadores. De um lado, a Sega tentava consolidar suas franquias e dar uma cara ao seu Mega Drive; do outro a Nintendo, com toda a bagagem do Nintendinho por trás, colocava no mercado o Super Nintendo – o video game das crianças felizes – e seus diversos títulos já consolidados.
Parte da estratégia da Sega era colocar o Mega Drive como um console mais cool do que o Super NES, colocando a frente de suas campanhas astros de esportes da época. A estratégia da Sega era bem agressiva e talvez o ápice tenha sido a icônica campanha “Genesis does what Nintendon’t”.
Nas últimas gerações as coisas parecem que amornaram até porque, na geração 64 bits, a Nintendo ainda tinha um pouco de hegemonia e o Playstation veio comendo pelas beiradas; na geração 6ª o PS2 era o rei da cocada preta e na última, apesar da rixa, sempre houve uma espécia de acordo de cavalheiros entre as empresas. Esse marasmo, entretanto, acabou ontem na E3.
As Conferências da Microsoft e Sony já eram muito esperadas e o que vimos foi uma volta à boa e velha batalha de consoles. A Microsoft cumpriu o esperado e partiu pra mostrar 1 hora inteira de jogos, jogos e jogos. Novas IPs como o aparentemente divertidíssimo Sunset Overdrive da Insomniac, Ryse, o God of War do Xbox e o #euqueromuitojogaressejogo Project Spark, uma espécie de Little Big Planet mais metido a besta.
Já a Sony, mantendo sua tradição, atrasou o início da Conferência e trouxe um japinha falando de um jeito que agente não entendia. A empresa mostrou que ainda quer manter seu atual console ativo e apresentou diversos lançamentos para o PS3. Falou também de serviços para seu novo console mas não demorou muito, como a Microsoft fez.
Na parte dos jogos do PS4, destaco o Final Fantasy XV e o Kingdom Hearts III, jogos que finalmente darão as caras depois de muito tempo sendo falados. Além disso, a impressionante tech demo intitulada The Dark Sorcerer me deixou boquiaberto já que estava rolando tudo em tempo real.
A Sony preparou muito bem o terreno pra abater a Microsoft. Pegou bem na ferida apresentando um console mais barato, mais forte graficamente, sem DRM de usados e sem treta de conexão. A Sony pegou forte nos aspectos que geraram polêmica mas o que me chamou a atenção é que os aplausos mais fortes foram para aspectos que não tem a ver diretamente com jogos.
Como na apresentação da Microsoft, as piadas já estão pipocando nas interwebs. Algumas zoadas sobre Kaz Hirai abrindo o Xbox.com no Chrome, os bons e velhos gifs e um tutorial excelente da Sony sobre como vai funcionar a mecânica de emprestar jogos para seus amigos:
Ou o que seria o prego definitivo no caixão da Microsoft:
Agora só falta ele dizer: “E o PS4 vai ser retrocompativel com o Xbox 360!”
— Pablo Rozados (@pabloprime) 11 de junho de 2013
Piadas a parte, acho que o console da Sony está realmente impressionante, os gráficos serão imbatíveis mas me pareceu muito estranha a filosofia da empresa. Um aspecto importante que passou meio batido, é que a Sony passará também a cobrar por seu serviço online. Era o caminho óbvio. A Microsoft fez muita grana com isso. Além disso, poucos repararam que nenhum exclusivo que apareceu na Conferência da Sony era de uma third party. Todos eram produzidos por subsidiárias da Sony, ao contrário da Microsoft que trouxe títulos de peso e acordo com publishers adoradas pelos games como a Capcom, que vai lançar o Dead Rising 3 apenas no Xbox One.
A minha visão ainda é de que a Microsoft tem melhor posição do que a Sony. Isso porque penso na política como um todo da empre que se assemelha à bem-sucedida (em partes, ok) estratégia de foco um público mais abrangente que a Nintendo utilizou com seu Wii nessa geração. A diferença aqui é que a Microsoft está focando em serviços e não em games casuais, como era o caso da Nintendo.
O Xbox One terá first e third parties fortes, com nomes de peso por trás E muita grana para investir. Recentemente ela anunciou que tem U$1 bilhão para investir em exclusivos. Em termos gerais, acho sim que a Microsoft tem um melhor equipamento do que a Sony.
Repito: acho muito provável que em termos de venda a Microsoft se saia melhor mas isso não necessariamente se traduzirá em jogadores. É uma boa estratégia, não sei? As third parties vão fugir? Só veremos com o tempo.
A Sony está batendo muito forte, explorando aspectos que seu concorrente tem de ruim atualmente. Entretanto, assim como no caso que abriu este post, sabemos quem dentre a zoadora e a zoada está aí até hoje para contar história.